Revirando o meu armário com a ansiedade
com que uma adolescente procura por uma
roupa específica – igual a todas as outras –,
dou de cara com um envelope amarelado.
De você para mim, estava a memória dos
delírios de nossos dezessete anos.
A carta – adolescente – falava sobre sonhos,
utopia, pôr-do-sol e comunistas. Na carta, não era
utópico acreditar na utopia; na época, nós éramos
seres terrestres cheios de sonhos – adolescentes.
Você explica:
fala que nossos pais,
em outro tempo comunistas,
nos passaram os genes da utopia
(quer nós desejemos isso, quer não.)
E me pede para tentar pegar estrelas com você.
Você diz que eu aprendi – com você, eu completaria –
a levar a sério o lado cafona da vida. E cola com durex
no papel uma foto de um lindo pôr-do-sol.
Em determinado momento do texto,
você me confessa que te irrita o fato
de eu não ter muita esperança em
relação à vida. Avalio que se trata
de uma irritação digna, das mais nobres!
E, enfim, acreditando mais em mim do que
eu mesma, você declara que sou eu o seu
limite entre realidade e surrealidade.
(Penso, hoje, que por todo esse tempo,
você foi a linha entre a graça de uma
foto de pôr-do-sol pregada com durex e a
certeza de que todos os nossos sonhos
adolescentes um dia vão se realizar.)
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P.S.: Se hoje eu poetizo, é por culpa sua.
P.S.2: Se hoje ainda sou
adolescente,
o mérito é seu.
que bom que vc voltou...e voltou na melhor forma, me emocionam as coisas do passado, é bonito a gente sentir que viveu, e que o tempo nunca é em vão, para as emoções...beijos Luizinha!
ResponderExcluirassino em baixo... que bom que voltou!!!
ResponderExcluirE continua sendo...
ResponderExcluirbabei. desse jeito, levando muito a serio o lao cafona da vida.
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