sexta-feira, 6 de março de 2009

conto de terror

Cenário de faroeste americano. Chão arenoso, terreno árido. Somente uma porta daquelas de vaivém que não vai nem vem pois está quebrada. Chega um casal vestido com roupas de hoje em dia.

Ela – ufa.

Ele – até que enfim chegamos.

Ela – mas chegamos onde?

Ele – não sei só sei que chegamos.

Ela – é, isso eu também sei.

Ele – ta sentindo o mesmo que eu?

Ela – alivio?

Ele – sim. Alivio.

Ela – engraçado. Nós não viemos a cavalo, né?

Ele – não. viemos correndo.

Ela – mas eu não me sinto cansada.

Ele – nem eu.

Ela – então como você sabe que viemos correndo?

Ele – não sei. Só sei que fugimos correndo.

Ela – do que estávamos fugindo?

Ele – não me lembro.

Ela – nem eu. mas definitivamente estávamos fugindo.

Musica de suspense.

Ela – que musica é essa?

Ele – não sei. Algo ruim deve acontecer em alguns instantes.

Ela – olha. É ela.

Mulher entra vestindo um vestido de filme de faroeste empunhando duas pistolas, uma em cada mão, e se esconde atrás de um arbusto que foi colocado enquanto o casal conversava.

Ele – (sussurrando) quem é ela?

Ela – não me lembro. Mas acho que estávamos fugindo dela. Você não sente?

Ele – sinto. Medo, né?

Ela – medo. Dela.

Ele – ei. Esses arbustos não estavam aí.

Ela – ih... não mesmo. Que estranho.

Ele – você acha estranho?

Ela – na verdade, não.

Ele – eu também não.

Ela – ela não pára de nos olhar. Você acha que ela vai nos matar?

Ele – não. mas mesmo assim estou com medo.

Ela – isso parece um pesadelo.

Silencio.

Ela – ela não vai falar nada?

Mulher sai de trás dos arbustos.

Ela – é ela.

Ele – ela quem?

Ela – não sei. Só sei que eu conheço. Não é a sua ex, Valéria?

Ele – Acho que não. talvez seja o lucio mauro filho.

Ela – mas é uma mulher.

Ele – talvez sejam os dois.

Ela – será? Estou com medo.

Se abraçam. Ela percebe que ele tem uma pistola presa no cinto.

Ela – isso já estava aí?

Ele – a pistola?

Ela – é.

Ele – acho que não. mas agora está.

Um telefone toca em algum lugar. Os dois ficam procurando de onde vem o som. Descobrem que vem da casa por trás da porta de vaivém.

Mulher – vocês não vão atender?

Aponta as pistolas para os dois.

Ela – eu vou.

Mulher – você não. ele.

Ele – por que?

Mulher – ela fica.

O casal se olha assustado. O telefone continua tocando.

Mulher – eu acho melhor você atender.

Ela – vai, amor. É melhor você atender mesmo.

Ele – como você sabe?

Ela – eu não sei.

Ele se dirige à porta. Ela o acompanha com o olhar enquanto a mulher some sem que ela perceba. Ele volta.

Ela – quem era?

Ele – George bush.

Ela – o pai ou o filho?

Ele – o pai.

Ela – e o que ele queria?

Ele – passar a receita dos remédios da minha avó.

Ela – ah.

Ele – espera. Cadê aquela mulher?

Ela – não sei. Desapareceu.

Ele – ufa.

Ela – está sentindo o mesmo que eu?

Ele – alivio?

Ela – sim. Alivio.

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